quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PRONOMES


A palavra que acompanha (determina) ou substitui um nome é denominada pronome.
Ex.: Ana disse para sua irmã
Eu preciso do meu  livro de matemática. Você não o encontrou? Ele estava aqui em cima da mesa. 
1. eu substitui "Ana"
2. meu acompanha "o livro de matemática"
3. o substitui "o livro de matemática"
4. ele substitui "o livro de matemática"


Flexão

Quanto à forma, o pronome varia em gênero, número e pessoa:
Gênero (masculino/feminino)
Ele saiu/Ela saiu
Meu carro/Minha casa
Número (singular/plural) 
Eu saí/Nós saímos
Minha casa/Minhas casas
Pessoa (1ª/2ª/3ª)
Eu saí/Tu saíste/Ele saiu
Meu carro/Teu carro/Seu carro


Função

O pronome tem duas funções fundamentais:
Substituir o nome
Nesse caso, classifica-se como pronome substantivo e constitui o núcleo de um grupo nominal.
Ex.: Quando cheguei, ela se calou. (ela é o núcleo do sujeito da segunda oração e se trata de um pronome substantivo porque está substituindo um nome)
Referir-se ao nome
Nesse caso, classifica-se como pronome adjetivo e constitui uma palavra dependente do grupo nominal.
Ex.: Nenhum aluno se calou. (o sujeito "nenhum aluno" tem como núcleo o substantivo "aluno" e como palavra dependente o pronome adjetivo "nenhum")


Pronomes Pessoais

São aqueles que substituem os nomes e representam as pessoas do discurso:
1ª pessoa - a pessoa que fala - EU/NÓS
2ª pessoa - a pessoa com que se fala - TU/VÓS
3ª pessoa - a pessoa de quem se fala - ELE/ELA/ELES/ELAS

Pronomes pessoais retos: 
são os que têm por função principal representar o sujeito ou predicativo.

Pronomes pessoais oblíquos: são os que podem exercer função de complemento.
Pronomes pessoais


Pronomes oblíquos

Associação de pronomes a verbos:
Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando associados a verbos terminados em -r, -s, -z, assumem as formas lo, la, los, las, caindo as consoantes.
Ex.:  Carlos quer convencer seu amigo a fazer uma viagem.
       Carlos quer convencê-lo a fazer uma viagem.
Quando associados a verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em, -ão, -õe), assumem as formas no, na, nos, nas.
Ex.: Fizeram um relatório.
       Fizeram-no.
Os pronomes oblíquos podem ser reflexivos e quando isso ocorre se referem ao sujeito da oração.
Ex.: Maria olhou-se no espelho
       Eu não consegui controlar-me  diante do público.
Antes do infinitivo precedido de preposição, o pronome usado deverá ser o reto, pois será sujeito do verbo no infinitivo
Ex.: O professor trouxe o livro para mim.(pronome oblíquo, pois é um complemento)
       O professor trouxer o livro para eu ler.(pronome reto, pois é sujeito)


Pronomes de tratamento

São aqueles que substituem a terceira pessoa gramatical. Alguns são usados em tratamento cerimonioso e outros em situações de intimidade.
Conheça alguns:
  • você (v.) : tratamento familiar
  • senhor (Sr.), senhora (Srª.) : tratamento de respeito
  • senhorita (Srta.) : moças solteiras
  • Vossa Senhoria (V.Sª.) : para pessoa de cerimônia
  • Vossa Excelência (V.Exª.) : para altas autoridades
  • Vossa Reverendíssima (V. Revmª.) : para sacerdotes
  • Vossa Eminência (V.Emª.) : para cardeais
  • Vossa Santidade (V.S.) : para o Papa
  • Vossa Majestade (V.M.) : para reis e rainhas
  • Vossa Majestade Imperial (V.M.I.) : para imperadores
  • Vossa Alteza (V.A.) : para príncipes, princesas e duques
1- Os pronomes e os verbos ligados aos pronomes de tratamento devem estar na 3ª pessoa.
Ex.: Vossa Excelência já terminou a audiência? (nesse fragmento se está dirigindo a pergunta à autoridade)
2- Quando apenas nos referimos a essas pessoas, sem que estejamos nos dirigindo a elas, o pronome "vossa" se transforma no possessivo "sua".
Ex.: Sua Excelência já terminou a audiência? (nesse fragmento não se está dirigindo a pergunta à autoridade, mas a uma terceira pessoa do discurso)


Pronomes Possessivos

São aqueles que indicam idéia de posse. Além de indicar a coisa possuída, indicam a pessoa gramatical possuidora.
As principais palavras que podem funcionar como pronomes possessivos:
Pronomes possessivos
Existem palavras que eventualmente funcionam como pronomes possessivos. Ex.: Ele afagou-lhe (= seus) os cabelos.


Pronomes Demonstrativos

Os pronomes demonstrativos possibilitam localizar o substantivo em relação às pessoas, ao tempo, e sua posição no interior de um discurso.
Pronomes
Espaço
Tempo
Ao dito
Enumeração
este, esta, isto, estes, estas
Perto de quem fala (1ª pessoa).
Presente
Referente aquilo que ainda não foi dito.
Referente ao último elemento citado em uma enumeração.
Ex.: Não gosteideste livro aqui.
Ex.: Neste ano, tenho realizado bons negócios.
Ex.: Esta afirmação me deixou surpresa: gostava de química.
Ex.: O homem e a mulher são massacrados pela cultura atual, masesta é mais oprimida.
esse, essa, esses, essas
Perto de quem ouve (2ª pessoa).
Passado ou futuro próximos
Referente aquilo que já foi dito.

Ex.: Não gosteidesse livro que está em tuas mãos.
Ex.: Nesse último ano, realizei bons negócios
Ex.: Gostava de química. Essaafirmação me deixou surpresa

aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas
Perto da 3ª pessoa, distante dos interlocutores.
Passado ou futuro remotos

Referente ao primeiro elemento citado em uma enumeração.
Ex.: Não gosteidaquele livro que a Roberta trouxe.
Ex.: Tenho boas recordações de 1960, pois naqueleano realizei bons negócios.

Ex.: O homem e a mulher são massacrados pela cultura atual, mas esta é mais oprimida queaquele.


Pronomes Indefinidos

São pronomes que acompanham o substantivo, mas não o determinam de forma precisa.
Alguns pronomes indefinidos:
Pronomes indefinidos
Algumas locuções pronominais indefinidas: 
cada qual
qualquer um
tal e qual
seja qual for
sejam quem for
todo aquele
quem quer (que)
uma ou outra
todo aquele (que)
tais e tais
tal qual
seja qual for
Uso de alguns pronomes indefinidos:
Algum
a) quando anteposto ao substantivo da idéia de afirmação
"Algum dinheiro terá sido deixado por ela." 

b) quando posposto ao substantivo dá idéia de negação
"Dinheiro algum terá sido deixado por ela."
Obs.: O uso desse pronome indefinido antes ou depois do verbo está ligado à intenção do enunciador. 
Demais
Este pronome indefinido, muitas vezes, é confundido com o advérbio "demais" ou com a locução adverbial "de mais".
Ex.: "Maria não criou nada de mais além de uma cópia do quadro de outro artista." (locução adverbial)
       "Maria esperou os demais." (pronome indefinido = os outros)
       "Maria esperou demais." (advérbio de intensidade) 
Todo
É usado como pronome indefinido e também como advérbio, no sentido de completamente, mas possuindo flexão de gênero e número, o que é raro em um advérbio.
Ex.: "Percorri todo trajeto." (pronome indefinido)
       "Por causa da chuva, a roupa estava toda molhada." (advérbio)
Cada
Possui valor distributivo e significa todo, qualquer dentre certo número de pessoas ou de coisas.
Ex.: "Cada homem tem a mulher que merece."
Este pronome indefinido não pode anteceder substantivo que esteja em plural (cada férias), a não ser que o substantivo venha antecedido de numeral (cada duas férias).
Pode, às vezes, ter valor intensificador : "Mário diz cada coisa idiota!"


Pronomes relativos

São aqueles que representam nomes que já foram citados e com os quais estão relacionados. O nome citado denomina-se  ANTECEDENTE do pronome relativo.
Ex.:"A rua onde moro é muito escura à noite."
onde: pronome relativo que representa "a rua"
a rua: antecedente do pronome "onde"
Alguns pronomes que podem funcionar como pronomes relativos: 
FORMAS VARIÁVEIS
 FORMAS INVARIÁVEIS
Masculino
Feminino

o qual / os quais
a qual / as quais
quem
quanto / quantos
quanta / quantas
que
cujo / cujos
cuja /  cujas
onde
O pronome relativo QUEM sempre possui como antecedente uma pessoa ou coisas personificadas, vem sempre antecedido de preposição e possui o significado de "O QUAL"
Ex.: "Aquela menina de quem lhe falei viajou para Paris."
Antecedente: menina
Pronome relativo antecedido de preposição: de quem
Os pronomes relativos CUJOCUJA sempre precedem a um substantivo sem artigo e possuem o significado "DO QUAL" "DA QUAL"
Ex.: "O livro cujo autor não me recordo." 
Os pronomes relativos QUANTO(s) e QUANTA(s) aparecem geralmente precedidos dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
Ex.: "Você é tudo quanto queria na vida."
O pronome relativo ONDE tem sempre como antecedente palavra que indica lugar.
Ex.: "A casa onde moro é muito espaçosa."
O pronome relativo QUE admite diversos tipos de antecedentes: nome de uma coisa ou pessoa, o pronome demonstrativo ou outro pronome.
Ex.: "Quero agora aquilo que ele me prometeu."
Os pronomes relativos, na maioria das vezes, funcionam como conectivos, permitindo-nos unir duas orações em um só período.
Ex.:A mulher parece interessada. A mulher comprou o livro.
      (A mulher que parece interessada comprou o livro.)


Pronomes interrogativos

Os pronomes interrogativos levam o verbo à 3ª pessoa e são usados em frases interrogativas diretas ou indiretas.
Não existem pronomes exclusivamente interrogativos e sim que desempenham função de pronomes interrogativos, como por exemplo: QUE, QUANTOS, QUEM, QUAL, etc.
Ex.: "Quantos livros teremos que comprar?"
        "Ele perguntou quantos livros teriam que comprar."
        "Qual foi o motivo do seu atraso?" 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Regência Nominal

A regência verbal ou nominal determina se os seus complementos são acompanhados por preposição.
Os nomes pedem complemento nominal; e os verbos, objetos diretos ou indiretos.
Exemplo:
- Ela tem necessidade de roupa.
Quem tem necessidade, tem necessidade “de” alguma coisa.
De roupa: complemento nominal.
- Fiz uma referência a um escritor famoso.
Quem faz referência faz referência “a” alguma coisa.
A um escritor famoso: complemento nominal
Na verdade, não existem regras. Cada palavra exige um complemento e rege uma preposição.
Muitas regências nós aprendemos de tanto escutá-las, porém não significa que todas estejam corretas.
“Prefiro mais cinema do que teatro.”
Escutamos esta frase quase todos os dias.
Preferir mais, não existe, pois ninguém prefere menos. É, portanto, uma redundância.
Quem prefere prefere alguma coisa “a” outra. A frase ficaria correta desta forma: “Prefiro cinema a teatro”.
O verbo preferir é transitivo direto e indireto e o objeto indireto deve vir com a preposição. “a”.
“Prefiro isso do que aquilo.”
Do que  é uma regência popular e deve ser evitada em provas, redações e concursos.
“Prefiro ir à praia a estudar.” (Preferir a + a praia: a + a: à – veja Crase).
Acessível a
Acostumado a ou com
Alheio a
Alusão a
Ansioso por
Atenção a ou para
Atento a ou em
Benéfico a
Compatível com
Cuidadoso com
Desacostumado a ou com
Desatento a
Desfavorável a
Desrespeito a
Estranho a
Favorável a
Fiel a
Grato a
Hábil em
Habituado a
Inacessível a
Indeciso em
Invasão de
Junto a ou de
Leal a
Maior de
Morador em
Natural de
Necessário a
Necessidade de
Nocivo a
Ódio a ou contra
Odioso a ou para
Posterior a
Preferência a ou por
Preferível a
Prejudicial a
Próprio de ou para
Próximo a ou de
Querido de ou por
Residente em
Respeito a ou por
Sensível a
Simpatia por
Simpático a
Útil a ou para
Versado em


Regência Verbal


O estudo da regência verbal nos ajuda a escrever melhor.

Quanto à regência verbal, os verbos podem ser:
- Transitivo direto
- Transitivo indireto
- Transitivo direto e indireto
- Intransitivo




ASPIRAR
O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.
Transitivo direto: quando significa “sorver”, “tragar”, “inspirar” e exige complemento sem preposição.
- Ela aspirou o aroma das flores.
- Todos nós gostamos de aspirar o ar do campo.
Transitivo indireto: quando significa “pretender”, “desejar”, “almejar” e exige complemento com a preposição “a”.
- O candidato aspirava a uma posição de destaque.
- Ela sempre aspirou a esse emprego.
Obs: Quando é transitivo indireto não admite a substituição pelos pronomes lhe(s). Devemos substituir por “a ele(s)”, “a ela(s)”.
- Aspiras a este cargo?
- Sim, aspiro a ele. (e não “aspiro-lhe”).
ASSISTIR
O verbo assistir pode ser transitivo indireto, transitivo direto e intransitivo.
Transitivo indireto: quando significa “ver”, “presenciar”, “caber”, “pertencer” e exige complemento com a preposição “a”.
- Assisti a um filme. (ver)
- Ele assistiu ao jogo.
- Este direito assiste aos alunos. (caber)
Transitivo direto: quando significa “socorrer”, “ajudar” e exige complemento sem preposição.
- O médico assiste o ferido. (cuida)
Obs: Nesse caso o verbo “assistir” pode ser usado com a preposição “a”.
- Assistir ao paciente.
Intransitivo: quando significa “morar” exige a preposição “em”.
- O papa assiste no Vaticano. (no: em + o)
- Eu assisto no Rio de Janeiro.
“No Vaticano” e “no Rio de Janeiro” são adjuntos adverbiais de lugar.
CHAMAR
O verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.
É transitivo direto quando significa “convocar”, “fazer vir” e exige complemento sem preposição.
- O professor chamou o aluno.
É transitivo indireto quando significa “invocar” e é usado com a preposição “por”.
- Ela chamava por Jesus.
Com o sentido de “apelidar” pode exigir ou não a preposição, ou seja, pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.
Admite as seguintes construções:
- Chamei Pedro de bobo. (chamei-o de bobo)
- Chamei a Pedro de bobo. (chamei-lhe de bobo)
- Chamei Pedro bobo. (chamei-o bobo)
- Chamei a Pedro bobo. (chamei-lhe bobo)
VISAR
Pode ser transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (com preposição).
Quando significa “dar visto” e “mirar” é transitivo direto.
- O funcionário já visou todos os cheques. (dar visto)
- O arqueiro visou o alvo e atirou. (mirar)
Quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”, “ter em vista” é transitivo indireto e exige a preposição “a”.
- Muitos visavam ao cargo.
- Ele visa ao poder.
Nesse caso não admite o pronome lhe(s) e deverá ser substituído por a ele(s), a ela(s). Ou seja, não se diz: viso-lhe.
Obs: Quando o verbo “visar” é seguido por um infinitivo, a preposição é geralmente omitida.
- Ele visava atingir o posto de comando.
ESQUECER – LEMBRAR 
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja exigem complemento sem preposição.
- Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos indiretos.
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).
PREFERIR
É transitivo direto e indireto, ou seja, possui um objeto direto (complemento sem preposição) e um objeto indireto (complemento com preposição)
- Prefiro cinema a teatro.
- Prefiro passear a ver TV.
Não é correto dizer: “Prefiro cinema do que teatro”.
SIMPATIZAR
Ambos são transitivos indiretos e exigem a preposição “com”.
- Não simpatizei com os jurados.
QUERER
Pode ser transitivo direto (no sentido de “desejar”) ou transitivo indireto ( no sentido de “ter afeto”, “estimar”).
- A criança quer sorvete.
- Quero a meus pais.
NAMORAR 
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição.
- Maria namora João.
Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a).
- Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva.
- A fila não foi obedecida.
VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição.
- Ele viu o filme.